sábado, 22 de maio de 2010

O poeta

"Escrevo apenas sobre o que toco, o que cheiro, sinto e vejo.
Abuso da retórica. A métrica não me satisfaz.
Corto palavras, rabisco linhas em busca da perfeição.
Leio, releio, tresleio...
Não está bom.
Nuncá estará! Um insatisfeito por natureza.
Busco palavras e elas não me vêm à cabeça.
Maldita arte. Maldita hora em que decidi pôr no papel.
A angústia opressora de que nada dá certo.
Por que eu? Por que comigo?
Cala, só escreve...
Faz a caneta manchar o papel. 
Sente o cheiro de tinta fresca sendo criado por você.
Vai. Dá alento a esta mente insana, frenética.
Que não se cansa, não lhe dá descanso.
Reverbera. Ecoa. Exalta.
Feliz e cansada, a mente do poeta se dá por satisfeita.
Mas é só por enquanto. Logo ela se abre de novo...
E tudo começa de novo outra vez..."

Foto: http://www.flickr.com/photos/boasorteecareca/

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