Clarice Lispector dizia que depois de escrever um livro ela ficava oca. Era um tempo só dela, em que preenchia a alma novamente.
Parece que estou neste tempo oco agora (ou sempre estive?), estou mudando rápido demais. Não há tempo para as palavras transbordarem.
Por um acaso (será?), remexendo em algumas pastas guardadas, encontrei algumas poesias que ainda não tinha publicado. Pois bem, elas vêm bem a calhar neste momento.
E assim todos ficam felizes! Vamos aos fatos:
"O que era antes
Nunca mais será
As escolhas que fizemos
Não permitem voltar
Mesmo que a tristeza me derrube
E faça chorar
Levo sempre comigo
As lembranças
Daqueles que erram
E aprendem a amar"
"O mesmo gosto dantes
O mesmo sal do chão
O mesmo caminho torto
E as palavras vãs.
Meus momentos íntimos
De dor e solidão
Entregam na minha face
As cicatrizes, as vitórias,
O melhor dos meus mundos e
O que não há para revelar."
"Até o maior amor do mundo
É suficiente humano
Para doer de vez em quando."
"Sou daqueles do tempo antigo
Pego a caneta e papel na mão
Sento sob a Lua, na rua ou ao lampião
Minha mão corre solta
Pulando de verso em verso
Tal criança e seu balão
Em dia de festa
Corre, brinca, tropeça
Em uma frase de
Esconde-esconde."